Levantamento da SBM foi veiculado no Jornal Nacional
A matéria mostrou um número preocupante: uma queda no número de mulheres que fazem a mamografia.
Elisângela Xavier de Moraes descobriu um caroço na mama direita depois de fazer uma consulta em Goiânia. “Eu estou aguardando tem um ano e meio. Desde março do ano passado que eu estou na fila de espera para conseguir fazer a mamografia. Eu não consegui. Em setembro agora desse ano, eles me ligaram e tinha marcado para mim. Dois dias depois, eles me ligaram avisando que o aparelho tinha estragado”, conta.
Um levantamento da Sociedade Brasileira de Mastologia revela que o número de mamografias feitas pelo SUS, em 2018, foi o menor dos últimos cinco anos na faixa etária entre 50 e 69 anos de idade.
“O número de mamógrafos no país é suficiente. A grande questão é que eles estão mal distribuídos. E o pior: essa pesquisa mostrou que a grande maioria deles é subutilizada. Para você ter uma ideia, apenas 40% da nossa capacidade de mamografias, no Brasil, é utilizada hoje”, afirma Ruffo de Freitas Júnior, diretor da Sociedade Brasileira de Mastologia.
Um mamógrafo em Belo Horizonte realiza 800 exames por mês, com resultados seguros. Mas vai ser desativado no fim do outubro por falta de peças de reposição.
Na Santa Casa de Belo Horizonte, a oferta do número de exames não caiu. Mas, desde o início de 2019, vem sendo registrada uma queda no número de atendimentos. Alguns meses atrás, 50 mulheres faziam, por dia, mamografia na unidade. Agora, são apenas 30.
“Nós temos vários horários ociosos. Procuramos sempre encher a agenda toda, mas não está dando. As pacientes, às vezes, não comparecem. Chegam atrasadas ou querem ir embora se demora um pouquinho”, conta a radiologista Hilma Lobato. “Medo do exame e do resultado”, completa.
Foi exatamente por isso que Adriana Raimunda só foi fazer a primeira mamografia aos 51 anos. “Ouvia minhas amigas falando que doía, que incomodava e ficava com pavor. Não doeu nada, não incomoda, tranquilo. Deveria ter feito bem antes”, diz a cuidadora de idosos.
Andréia descobriu, aos 36 anos, um câncer na mama depois de fazer uma mamografia. Hoje, cinco anos depois, está curada. “Eu consultei num dia e, no dia seguinte, já fiz a mamografia. Se não fosse tão rápido, poderia ser tarde”, conta a operadora de caixa lotérica.
A prevenção é o mais importante. Dona Margarida é um exemplo. Aos 83 anos, não tem preguiça de sair de casa e nem medo de fazer mamografia. “Todo mundo tem que fazer, até as moças novas têm que fazer”, afirma.
O Ministério da Saúde declarou que quando a avaliação é feita no período de 2010 a 2018, a realização de exames aumentou 37% na faixa etária mostrada na reportagem.
O ministério afirmou, ainda, que as secretarias de saúde de estados e de municípios têm autonomia para comprar equipamentos ou contratar o serviço na rede privada e que a oferta do exame ocorre na forma de um regime compartilhado com estados e municípios.
Fonte: Jornal Nacional